Chama a atenção a importância da Rússia na dinâmica migratória internacional da Ucrânia, pois, ao mesmo tempo em que a Rússia é o principal país de origem dos imigrantes que vivem na Ucrânia, concentrando mais de 60% dessa população, a Rússia constitui o principal destino dos emigrantes ucranianos (em mais de 50%). Em termos numéricos, os dois países em conflito equiparam-se na quantidade de imigrantes russos e ucranianos em seus respectivos territórios, sinalizando para a histórica integração entre as suas populações.
Países fronteiriços, países da Europa Oriental, da Ásia Central e mesmo os Estados Unidos encontram-se entre as origens e destinos das migrações internacionais ucranianas. Os principais destinos daquelas e daqueles que estavam fugindo da guerra, estão buscando refúgio em países já existe um histórico da presença de migrantes ucranianos, entre os quais se destacam Polônia, Hungria e Moldova.
Em pouco mais dez dias de guerra, esses países vêm recepcionando, em média, uma quantidade de refugiadas e refugiados ucranianos entre 2,5 e 3 vezes superior (chegando até a oitos vezes maior, no caso da Eslováquia) o número de imigrantes já presentes nestes países. Trata-se de um fluxo de deslocados humanos em decorrência de guerra que se manterá ativo com a persistência do conflito. O mundo assiste a mais uma crise migratória, que coloca desafios e urgências para a Ucrânia e para todos os países, governos, organizações e pessoas envolvidos na necessária acolhida e cuidados de mulheres, crianças, idosos e toda uma diversidade de situações vivenciadas por pessoas aterrorizadas e vulnerabilizadas pela guerra.